ACONSELHAMENTO


Dom Quixote lutava contra moinhos de vento, Sancho não o demolia de seus intentos... Quixote não leva em conta a realidade, mas não é por acaso que nós nos reconhecemos nele. Assim é porque privilegiamos o nosso imaginário. Também nós ouvimos sem escutar e enxergamos sem ver para impedir que o nosso desejo seja contrariado.
Para Freud, não é possível acabar com uma fantasia mostrando que a realidade é contrária a ela.
A fantasia resiste aos argumentos e só se transforma quando o próprio sujeito descobre a sua origem. Daí a razão pela qual a cura analítica se apoia na rememoração. O analista que se vale da realidade para convencer o analisando a abrir mão do que imagina é quixotesto no mau sentido.
Só é possível agir sobre o desejo fazendo outro desejo emergir. Isso é o que faz o analista se o analisando, ao contrário do Quixote, for capaz de escutar. E, mais ainda, se ele for capaz de se escutar. Como isso raramente no começo de uma análise, ambos tem de saber esperar. (excertos de Betty Milan, 26-05-10)

O processo terapêutico é auxiliado pelo uso dos florais: a vinda dos conteúdos confundem, parecem moinhos. Florais desfazem este engano, encaminham para o corpo através de sintomas, virando catarse e consciência.